quinta-feira, 13 de agosto de 2009

vida paulistana

Estava voltando para casa hoje, esta noite, de pinheiros para a Consolação e pensando o quanto quase tudo à minha volta é violento.
Quando saio de casa para trabalhar, seja pela manhã para ir ao consultório, seja na hora do almoço, a caminho da escola, estou sempre desviando o olhar para evitar os pedintes e os caras budistas com seus livrinhos ou os poetas com seus livrinhos, ou os universitáruios com suas revistas, ou os mendigos com seus pedidos ou qualquer pessoas com um papelzinho para me dar. ou então, estou desviando o meu corpo de uma massa de executivos(as) chegando ao trabalho ou indo almoçar em meia hora para não perder tempo, que é dinheiro.
Tudo é violento.
E acabei me lembrando que ou em pinheiros ou aqui mesmo na consolação, já tive amigos que perderam seus carros me trazendo ou me levando de casa, já me levaram o celular uma, duas, três vezes, ou pediram outras tantas que eu não dei, já me roubaram de passe escolar (quando eram de papel) à relógio que meu pai me deu de natal, ou bolsa com meus pertences de dentro do meu carro, quebrando a janela dele comum pedaço de ferro, comigo dentro, no farol.
Acho que às vezes a gente que mora nessa cidade louca aprende a ser bem frio e distante do que tem a nossa volta para pelo menos não pensar o tempo todo em tudo de errado que pode acontecer com a gente, de novo.
Morando a um quarteirão da maior avenida dessa cidade, que é a maior cidade deste país, que é uma potência econômica, temos que ter medo. Morar aqui é um privilégio e é uma desgraça. Tem tudo por perto e por isso mesmo pode se perder tudo a qualquer momento. Inclusive a vida, que pode se perder por um carro, por uma carteira, por um celular, por um ipod, um iphone, ou até por distração de um motorista de ônibus às pressas, correndo augusta abaixo.
Não gostaria de ser essa pessoa que evita o olhar das pessoas na rua, mas odeio não poder olhar para o lado que já literalmante sou "capturada" por um dos "pedintes" dessa esquina.
Enfim, só um desabafo. Dessa vida paulistana que me aflige, mas que eu não abandono por nada.
Vai entender...