terça-feira, 26 de março de 2013

Muito incomodada com os valores atuais da sociedade...

Políticos que desrespeitam minorias, ganhando toneladas de dinheiro às custas do trabalho das pessoas.

Pessoas sendo assaltadas em arrastões nos lugares mais ricos da cidade, onde os mais abastados ostentam as marcas caríssimas que compram para poder mostrar que têm valor na distorcida classe social em que estão.

Ladrões que roubam coisas que nunca poderiam comprar e que vendem para quem provavelmente ganha o dinheiro com as drogas que entorpecem a população abastada que não vê sentido no dinheiro que têm e que não sabem o que querem, então compram o que lhe ditam que devem.

Jogadores de futebol ganhando milhões porque rendem bilhões aos seus contratantes, porque a população prefere se conectar aos jogos aqui, ou no Japão, do que se conectar com suas famílias, suas cidades, seus problemas reais.

Pessoas com valores distorcidos, ditados por uma sociedade de consumo que não permite que um se aproxime de fato do outro. 

Pessoas que não conseguem se colocar no lugar do outro, matando e violentando aos outros, desrespeitando e querendo sempre o melhor só para si, o conforto, o lucro, a vantagem sobre os demais.

De um lado, estou no mesmo lugar que todos, teoricamente sem poder julgar. 

Por outro lado, sofro e penso nisso tudo com desgosto, triste de minha posição, escutando histórias de vida, no consultório de psicoterapia, repensando as relações socais, familiares, amorosas, as expectativas humanas na vida, a descrença, a loucura, a medicalização da infância (e de todas as idades), o desrespeito às diferenças individuais. Vejo no trabalho com a educação infantil, crianças com possibilidade de crescerem com uma visão mais ampla, mais respeitosa, mais aberta ao outro, com fé que isso possa fazer alguma diferença no mundo de amanhã, mas sem certezas.

Com o pouco que posso fazer, luto, me amplio e me estico tentando alcançar mais... Reciclar, escutar, dar exemplos de conduta, andar de bicicleta e transporte público, estar presente quando é preciso reivindicar, conversar, estar atenta e aberta às mudanças e ainda por cima, existir, estar no mundo, me perceber, sem me misturar. 

Não é pouco, nem é muito, é o que se pode fazer. Atenta, preocupada, mas sempre respeitosa e esperançosa nas pessoas e em suas escolhas, tão diversas, tão únicas, mas muito necessárias e possíveis.